domingo, 20 de janeiro de 2008

Mudando pra ficar pior.

Bom, vou começar esse sem personagem fictício. A verdade dessa vez sou eu. Cansei de me esconder e sujeitar a minha vida. Sinceramente, eu não gosto de fazer isso e não estou fazendo por ninguém – muito menos pra alguém. É por pensar que talvez agora, preciso desabafar e me enxergar. Eu não posso ser tão péssima assim. Não é possível que eu tenha nascido pra espalhar dor de cabeça. Acho que durante esses dezessete anos, eu fui o que as pessoas queriam que eu fosse, e quando eu decido viver por mim mesma, não funciona. Não consigo lidar com o meu próprio psicológico. Faço tudo o que não se deve fazer e erro sem parar. Não penso e preciso, sempre, de apoio ou de um abraço pro final da tarde. Não consigo me satisfazer, desde pequena não consigo me olhar e se sentir bem. Ou é o quadril, ou é a cintura. É o perfil que não combina. A roupa. As unhas mal feitas. O quarto desarrumado. A falta do meu pai. Depois de toda a tempestade não vem nada de bom. São meses sem comer. Dias medindo barriga, gastando com bobeira. Se preocupando com quem não tem nada a ver. E o que tem de felicidade nisso? Viver pros outros não ajuda ninguém. Não me ajudou. As atenções nunca foram pra mim, nunca fui a filha preferida, não sou exemplo, não sou. Não sou nada.

Estou em 2008, e comecei esse ano jogando fora todas as expectativas. Não espero nada de mim – vou fazer o que mandarem, e eu? Que se foda. A verdade é que todos pensam assim. Porque o que eu quero é demais pra mim. Meu sonho é escrever. Não estou pedindo um filme hollywoodiano. Eu quero ser feliz e é só isso. Mas ninguém acredita em mim. Meu pai não acredita em mim. Mas pra que tanta agonia, não é? Nunca fiz nada pra se garantirem em mim mesmo.

O mundo lá fora é medonho. As duas pessoas que eu mais amo, e amei durante sete anos, já arrumaram alguém pra me substituir... E é isso que sempre acontece por aqui. Comigo não dá. Eu ainda precisava muito delas por perto. Ainda mais agora. Precisava encontrar naquela esquina. Sair aos domingos pra fazer nada. Jogar conversa fora, rir. Eu sei que a gente ainda pode, mas tudo aquilo não existe mais. Crescer dói muito. Eu perdi as meninas da minha vida.

Começando por isso.

Perdi dois amigos pra alguém mais “fofinha” que eu. Perdi uma amiga por ciúmes de alguém que não faz falta mais. Perdi elos. Perdi essências. Me perdi durante a vida.

Amar me deixou fora do lugar, e agora? Que raiva disso. Que raiva ter amado quem não merecia. Me desgastei, me humilhei por anos. E pra que? Pra não aprender porra nenhuma. Pras pessoas terem dó de mim e me verem como um lixo. Eu não sou assim. Eu não sou assim. Perdi o controle e achei que gostar tanto ia trazer de volta todo o amor que nunca existiu. Agora eu fico pensando quantas coisas eu deixei de fazer. Quantas pessoas eu poderia ter conhecido. Quantos medos eu poderia ter deixado de lado. Ninguém merece o que eu me fiz passar. E por nada. Pra não ter fim nenhum. Eu não mereço ser ignorada nem esperar tanto tempo. Agora acabou. Antes não via como tudo ia terminar, mas agora estou aqui. Sentindo saudades de outras coisas e me preocupando com o valor que eu não recebo. Problemas maiores. Sai do meu tempo infantil.

Tempo infantil... Como se eu tivesse crescido muito. Cresci só nas besteiras que eu faço. Agora não me atolo mais em travesseiros. Agora sou putinha de lápis no olho esperando a próxima vodka. Que fim terrível. Que dia terrível. Acho que vou ficar por aqui mesmo... Passando metade da minha vida esticada na minha cama. Fazendo fotossíntese. Esperando alguém sem metade do cérebro ver alguma coisa positiva em mim.

Tenho várias situações na vida. Acho que posso chamar de fases. E em cada uma delas quero escrever um livro, mas eu não consigo. Deixo tudo pela metade... Basta um elogio idiota pra eu esquecer que eu nasci precisando de açúcar. E então, estou bem de novo. Mas nunca vinte e quatro horas.

Não quero parecer adolescente dramática que começou a conhecer o lá fora, mas, sinceramente – eu me odeio. Detesto tudo o que eu jogo pra fora, engulo, ganho, desperdiço. Não sei como existe algum ser que tenha um pinguinho de paciência comigo.

Mudando pra ficar pior.

Eu quero me esquecer. Me amam é o caralho. Eu sou um empecilho. A mosca que saiu da lixeira e foi parar na sua sopa. Ser alguém deve ser tão bom, porque ser eu é um saco. Dá pra entender? Não sou ninguém, não dá pra ser alguém com toda essa bagunça que circula dentro de mim. As pessoas não enxergam que eu vivo por elas e me perco por dentro.

Quero crescer, mas a vida machuca cada pedacinho de mim.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Vamos ver quem vai ser feliz agora.

Vou começar rasgando meu peito, vou começar me desenferrujando pra conseguir escrever. A verdade é que eu já comecei esse ano pensando mais do que deveria, com medo e olhando até onde o horizonte cruzava com o céu. Longe de rir um pouquinho, preocupada com esse maldito ano par. Engraçado, esse ano que se foi acabou comigo, foi um lixo e seus respectivos dejetos, mas eu sinto o cheiro ainda e eu já não sei mais o que fazer. Sinto falta de várias pessoas ao meu lado e o que eu precisava agora era de um início concreto. Estou sem os pés no chão. To esperando o vento passar pra me levar junto.

Agora a pergunta é se valeu à pena. Se sofrer tanto significou aprendizado – porque até um momento na minha vida, significou sofrer – e só sofrer. As coisas só faziam eu me transformar em uma pessoa tardia. Cansada e preguiçosa. Preguiça de enxergar e fazer os outros entenderem. Fiquei tão acostumada em receber um “não, se contenta. Se contenta com esse pouco que te dói” que eu vivia apenas, sem me ter por perto.

Estou ouvindo vozes lá fora. E nunca foi tão bom saber que existe outras coisas pra pensar e passar o tempo - que até hoje só me fazia pesar. Estipulei regras na minha vida. Uma delas é nunca mais viver um dois mil e sete dentro de mim. Mas eai? Até quando vou levar isso a sério? Comecei e ainda estou achando que está terminando.


O meu erro é querer ser alguém que ninguém acredita. Não sei por que fazem isso, mas acabei perdendo a fé em mim. Eu queria crescer e mostrar que eu sou muito mais que duas pernas e um cansaço terrível. Tenho dezessete anos pálidos. E não acho mais graça. Ele quer assim e a partir de agora – vai ser assim. Vamos ver quem vai ser feliz agora.

Queria um lugar vazio. Mas eu não sei por quê. Queria que o hoje passasse a ser um pouco do passado. Queria, queria, queria. Mas não dá. Tudo o que eu penso vem ao contrário.

Sinceramente? Eu quero que eu me exploda.

E pra bem longe daqui.